Aqui há uns meses, escrevi algo sobre os vícios que ganhamos, sobre a habituação a certas rotinas e pessoas, e como eles se mantêm, mesmo quando as suas causas já se desvaneceram no tempo que passou e passa.
Hoje já não tenho aquela necessidade de remexer o frigorífico, ou o sofá, à procura de alguém que costumava estar disponível. Hoje já sei que remexer o frigorífico, ou o sofá, são gestos inúteis. Hoje já sei que esta própria escrita é um gesto inútil. Não me interpretem mal, que não desejo que deixem de ler o que tenho vindo a partilhar convosco. Tenho uma noção precisa de quem visita este espaço. Ou são conhecidos, ou são desconhecidos. Os desconhecidos são bem vindos porque se interessam, um pouco, por alguém que nunca viram na vida, e mesmo assim lhes dão o seu tempo. Não me tomem por ingénuo, que também sei que se passam os olhos por estes textos, o fazem porque buscam aqui algo que identifiquem como vosso e consiga expressar em palavras aquilo que sentem, deixando, por momentos, à parte a solidão que é sermos donos únicos das nossas vidas, no seu sentido mais íntimo e intrincado da personalidade de cada um.
Os conhecidos, esses, eu sei quem são, quando lêem, quando ouvem, quantas vezes lêem e ouvem o que nos deixo. Digo "nos" porque o faço para mim. É um exercício de catarse, este de escrever. Muitas vezes, não exponho as coisas exactamente como gostava que fossem sentidas, simplesmente porque o medo mo impede de fazer, ou porque a forma como o fizer pode criar na mente dos que me são mais queridos uma imagem calculista.
É a mais pura verdade, que eu pondero cuidadosamente aquilo que publico tendo sempre em mente, não os desconhecidos, mas aqueles que sei quem são. E, como tudo aquilo que fazemos em conjunto com outros, para uma acção espera-se sempre um efeito. E, por vezes, ele tarda em chegar. Os efeitos que quero surtir? São aqueles que cada um lê nestas linhas. E cada um dos conhecidos o vai sentir como se eu falasse especialmente para si.
E falo. Falo sobre mim, sobre os outros; sobre as semanas em que me sinto bem, sobre as semanas que me sinto em baixo; falo sobre o que quero e não quero, sobre aquilo que não gosto e, sobretudo, sobre o que gosto. E quando gosto, gosto. E se gosto, gosto de falar sobre isso. Gosto de dizer que "sim", que "gosto" disto ou daquilo, daquela pessoa ou da outra. E não peçam para que vos dê razões para gostar, porque quando se gosta de alguma coisa não se gosta só de uma parte, é o conjunto que nos dá prazer observar, o bom e o mau, o bonito e o feio, o saudável e o prejudicial, o alegre e o triste, porque nada, nem ninguém, é só yin ou yang.
O que digo está tão certo e tão errado, conforme vocês assim o queiram, e o meu único papel é fazer-vos pensar, classificar e seleccionar a quota parte de verdade, a quota parte de mentira, a quota parte do que se refere a mim, a quota parte do que se refere a outra pessoa, a quota parte do que se refere a ti. A "quota parte" de tudo, é a quota parte da importância que damos às coisas, quer sejam nossas, de alguém, ou de ninguém.
A minha quota parte de responsabilidade é fazer-vos acreditar que conseguem saber aquilo que estou a dizer, quando nem eu sei o que digo. Ou talvez saiba, mas prefira acreditar que não sei.
Hoje já não tenho aquela necessidade de remexer o frigorífico, ou o sofá, à procura de alguém que costumava estar disponível. Hoje já sei que remexer o frigorífico, ou o sofá, são gestos inúteis. Hoje já sei que esta própria escrita é um gesto inútil. Não me interpretem mal, que não desejo que deixem de ler o que tenho vindo a partilhar convosco. Tenho uma noção precisa de quem visita este espaço. Ou são conhecidos, ou são desconhecidos. Os desconhecidos são bem vindos porque se interessam, um pouco, por alguém que nunca viram na vida, e mesmo assim lhes dão o seu tempo. Não me tomem por ingénuo, que também sei que se passam os olhos por estes textos, o fazem porque buscam aqui algo que identifiquem como vosso e consiga expressar em palavras aquilo que sentem, deixando, por momentos, à parte a solidão que é sermos donos únicos das nossas vidas, no seu sentido mais íntimo e intrincado da personalidade de cada um.
Os conhecidos, esses, eu sei quem são, quando lêem, quando ouvem, quantas vezes lêem e ouvem o que nos deixo. Digo "nos" porque o faço para mim. É um exercício de catarse, este de escrever. Muitas vezes, não exponho as coisas exactamente como gostava que fossem sentidas, simplesmente porque o medo mo impede de fazer, ou porque a forma como o fizer pode criar na mente dos que me são mais queridos uma imagem calculista.
É a mais pura verdade, que eu pondero cuidadosamente aquilo que publico tendo sempre em mente, não os desconhecidos, mas aqueles que sei quem são. E, como tudo aquilo que fazemos em conjunto com outros, para uma acção espera-se sempre um efeito. E, por vezes, ele tarda em chegar. Os efeitos que quero surtir? São aqueles que cada um lê nestas linhas. E cada um dos conhecidos o vai sentir como se eu falasse especialmente para si.
E falo. Falo sobre mim, sobre os outros; sobre as semanas em que me sinto bem, sobre as semanas que me sinto em baixo; falo sobre o que quero e não quero, sobre aquilo que não gosto e, sobretudo, sobre o que gosto. E quando gosto, gosto. E se gosto, gosto de falar sobre isso. Gosto de dizer que "sim", que "gosto" disto ou daquilo, daquela pessoa ou da outra. E não peçam para que vos dê razões para gostar, porque quando se gosta de alguma coisa não se gosta só de uma parte, é o conjunto que nos dá prazer observar, o bom e o mau, o bonito e o feio, o saudável e o prejudicial, o alegre e o triste, porque nada, nem ninguém, é só yin ou yang.
O que digo está tão certo e tão errado, conforme vocês assim o queiram, e o meu único papel é fazer-vos pensar, classificar e seleccionar a quota parte de verdade, a quota parte de mentira, a quota parte do que se refere a mim, a quota parte do que se refere a outra pessoa, a quota parte do que se refere a ti. A "quota parte" de tudo, é a quota parte da importância que damos às coisas, quer sejam nossas, de alguém, ou de ninguém.
A minha quota parte de responsabilidade é fazer-vos acreditar que conseguem saber aquilo que estou a dizer, quando nem eu sei o que digo. Ou talvez saiba, mas prefira acreditar que não sei.
2 comentários:
bom texto. (parabéns.)
Mto bem vindo, disparos. obrigado pelo comment. já tenho visitado o teu blog e gosto bastante do conceito que o configura.parabéns, também.
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