Às vezes entro em cada embrulhada, que não sei com muita certeza se vou chegar a sair dela com vida, ou, no mínimo, ainda com alguma qualidade de vida.
Este ano, que para mim apenas começou no dia 13 de Fevereiro, de modo a deixar em 2005 tudo o que não é possível lembrar constantemente, sob pena de comprometermos seriamente a nossa sanidade mental, inscrevi-me em 11 cadeiras diferentes. Convém, porém, advertir que, destas 11, apenas 9 se protelam pela totalidade do semestre. E o que fazer com estas 9?
Aí está o meu verdadeiro problema. Não sei minimamente o que me passou pela cabeça no dia das inscrições - estaria com toda a certeza nalgum estado alterado de consciência, induzido por algum psicotrópico que infiltraram, à socapa, nas minhas doses diárias de iogurte. É a única explicação plausível! E mais me convenço que não apenas foi administrada à época naquelas doses, mas que ainda hoje o continua a ser. Caso contrário, não se explicaria que, após uma reflexão toldada pelas incertezas e pelo medo do fracasso académico, me tenha hoje vindo a inscrever em mais uma cadeira, que eu mesmo apelido de "suplementar", para me convencer que a tenho que "tomar", a bem da minha própria vitalidade, como se de uma receita médica de vitaminas se tratasse.
A patologia é severa; o tratamento moroso, doloroso e manifestamente insuficiente e ineficaz. Deste estado de descocamento cerebral ensaio um adeus a quem passa sorridente, de férias, como se o mundo fosse um lugar alegre, onde habitar se converte num enorme prazer, em lugar de um permanente estado de luta, para que nos consigamos manter vivos.
Em boa verdade, não sei muito bem se é isso que quero - manter-me vivo - mas, porém, a outra alternativa - que é não estar vivo, pelo simples facto de não dar importância - parece que já não me satisfaz como até agora. Há coisas pelas quais vale a pena estar presente, mais que não seja para lhes dar-mos a oportunidade de nos surpreenderem, e para que, nós mesmos, também tenhamos a oportunidade de nos deixarmos surpreender.
terça-feira, fevereiro 21, 2006
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